quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Oxalá e Iemanjá, os orixás regentes de 2016






Hoje vamos falar sobre a Regência de 2016, o orixá Comandante de 2016 o Planeta regente de 2016.


2016 Será um ano Regido pelo Planeta SOL, sim o Sol mesmo que seja uma estrela é considerado pelos esotéricos um Planeta Regente, logo sua regência será o orixá da Criação, Orixá Oxalá em todas as suas Formas; Oxalufã, Oxaguiã, Obatalá, Orixaláestarão a frente deste ano.


O Ano de 2016 será um ano bem importante, Será Regido pelo orixá OXALÁ, sim o Senhor do pano branco, o Criador da Humanidade, o orixá da paz. Aquele que carrega o Mundo nas mãos ao lado de Seu Cajado. E quando temos um Ano regido por esse grande Orixá temos um ano mais lento, pois Oxalá é lento porém constante, será um ano mais equilibrado, 2015 tínhamos Ogum e tivemos muitos altos e baixos pois Ogum é a Execução. Oxalá representa equilíbrio do Planeta, o começo. O Início, teremos em 2016 uma nova oportunidade de começarmos tudo de novo. Oxalá em 2016 vem montado em suas Nuvens levantando a Bandeira da Paz e da União, será um ano para repensarmos nossas atitudes e despertarmos o Amor ao próximo, pois este é o único caminho que nos conecta a Oxalá Aqueles que colheram tempestades em 2015 terão em 2016 a oportunidade de uma nova plantação. Já quem teve 2015 um ano de realizações, 2016 consolidará mais ainda todas as conquistas.


Espiritualmente estaremos muito bem guardados, pois o Orixá do branco é um grande protetor e guardião de toda Humanidade!


Climaticamente teremos um ano quente pois O Sol estará mais presente e próximo da terra! Além de Oxalá, outras formas deste Orixá também trarão suas características, Oxaguiã o Orixá do progresso estará presente e participativo então teremos muitas descobertas no campo da ciência em 2016 Já Obatalá o oxalá que criou a Terra cuidará do nosso planeta, para isso há grandes possibilidades de grandes ventos e tufões que remanejaram a terra para termos mais equilíbrio com a Natureza.


A Influência de Iemanjá a Mãe do Mundo, irá trazer um pouco de nostalgia perto do fim do ano, porém trará um pequeno ciclo de Águas, como todo ano de Oxalá terminaremos com muitas chuvas e Águas, Serão as Águas de oxalá fechando o ano de 2016!


O Ano de 2016 passará mais devagar porém será um ano com mais constância e estabilidade assim como os passos de oxalá que são lentos mas nunca param. Que Pai Oxalá traga sua bandeira branca da paz e fixe nos quatro cantos do mundo; a partir do dia 1 de Janeiro de 2016. Salve Pai OXALÁ! Salve 2016

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

YABÁS




A palavra yabá quer dizer “Mãe Rainha” e que na África era um título apenas atribuído aos Orixás Yemanjá e Oxum e que no Brasil se estendeu a todos os outros orixás femininos. Senhoras misteriosas em seus fundamentos, ligadas muitas vezes as águas e fecundidade, entedê-las profundamente é como se nós quiséssemos conhecer todos os mistérios da vida e do surgimento da vida. Crer na força das Yabás ou nas nossas chamadas “Mães de Cabeça” é como querer estar sempre amparado pela própria mãe carnal em si. Tal como na família material onde muitas vezes a figura da mãe tem o papel mediador entre a postura educativa e mais séria do pai para com o filho, assim são essas sagradas mãezinhas. Energeticamente falando, as Yabas são a metade feminina da existência; ou seja, não há procriação sem a presença do homem, muito menos da mulher. Trataremos abaixo das nossas Yabás cultuadas na Umbanda. 

Oxum é a senhora das águas doces, cascatas e rios, desde a sua nascente até o seu encontro com o mar. Senhora do ouro, do mel, da beleza, da vaidade feminina, encanto e também do jogo de Ifá (jogo de búzios). Oxum rege também a fertilidade devido a sua ligação ao óvulo liberado em cada ciclo menstrual. É a responsável pelas artes culinárias, a qual segundo as lendas, “dobravam” as opiniões contrárias dos seus inimigos através do estômago. Possui o título de Yialodê (ou “Senhora da Tribo”), ou seja, é a grande mãe que de todos toma conta, zela e protege. Suas cores na umbanda são o amarelo, dourado ou azul claro em algumas casas. Seu campo de atuação é o amor, as relações humanas, a comunicação, a sensualidade pelo encanto e pela beleza. Suas obrigações devem sempre serem feitas em ambiente limpo (Oxum detesta poeira e sujeira), gosta de doces finos e frutas das mais variadas, principalmente as ricas em caldo e sua comida mais ofertada, sem dúvida é o omolocum.

Yemanjá é a senhora dos mares e oceanos. Dona do Ori, rege o casamento a vida em família. Senhora também da etiqueta social. Yabá bastante adorada em nosso país devido a grande extensão de praias e também do mar ser para alguns a sua única fonte de sobrevivência e sustento. Suas cores são o azul, o branco e também o prateado. Também gosta de espelhos tão quanto Oxum por também estar ligada a vaidade, sendo que esta vaidade não é tão coquete e dengosa quanto a de Oxum, a vaidade de Yemanjá está mais ligada a vaidade de uma rainha soberana e poderosa, visto que, ao lado de Oxalá, também está bastante ligada a criação e na mitologia yorubá ocupar a posição de mãe de todos os Orixás – a grande Matriarca. É a senhora de todas as obrigações de cabeça e oboris. Rege também a fase da gestação até o nascimento da criança. A Yemanjá pode ser ofertado cocadas brancas, eboya, arroz branco com camarão seco, claras em neve, frutas claras, peixes (tais como sioba e corvina, p. ex.) e também o manjar e etc.

Yansã é a senhora dos bambuzais, das ventanias, dos redemoinhos das tempestades. Yabá muito ligada ao elementos fogo e ar. Yansã representa a sensualidade, a sexualidade, o prazer, a boa risada, a gargalhada sincera e a alegria vibrante. A energia da sensualidade que emana desta yabá vem pelos caminhos do desejo ardente e incontrolável. Tanto que nas lendas africanas, Yansã foi esposa de vários orixás (Obaluayê, Ossain, Ogun, Oxossi, Xangô) isso não só para representar a inquietude regida por ela mas também para mostrar que o elemento AR está presente em vários lugares da natureza e necessário a eles (o vento é necessário para a procriação das plantas, multiplicação das florestas, para alimentar o fogo, por exemplo etc.). Yansã representa a mulher que antes de ir a luta beija os filhos com carinho e chegando nos campos de batalha não deixa a bravura sufocar a sua feminilidade e sensualidade. Em suas comidas votivas não pode faltar dendê, sendo o acarajé seu prato mais ofertado. Também aceita frutas diversas. Também aceita o abará (papa de feijão fradinho em folha de bananeira cozida em banho maria). Suas cores principais são o vermelho e o coral, também sendo em algumas casas o rosa e o amarelo.

Nanã Buruquê é a senhora dos pântanos, alagadiços e manguezais. É a mais velha das Yabás muito ligada aos mistérios da criação. Segundo lendas, Nanã participou da criação do mundo junto a Oxalá, emprestando-lhe o barro para a confecção do ser humano, fazendo –lhe jurar que ao final da vida de cada um deles que ele devolvesse o seu “barro sagrado” novamente, daí a sua saudação: Saluba Nanã Buruquê (Retornaremos ou nos refugiaremos em Nanã Buruquê). Yabá muito ligada a vida e a morte, tão quanto Obaluayê, rege a ancestralidade, a tudo o que é antigo e arcaico. Rege o que não precisa ser mudado por já funcionar (representa “o modernizar pra quê?”) - ex.: uma moringa de barro ao invéz de uma jarra metálica ou uma escama de pirarucu (usada no mundo indígena para o corte de animais e hortaliças ao invés da moderna faca de aço -. Nanã é contrário a modernidades e barulheira. Representa o silêncio, a meditação o aconselhamento e a sabedoria dos mais antigos. Representa os idosos e sua sabedoria acumulada pela experiência. Suas cores são o branco e o lilás, ou também o azul cobalto. Gosta de efó, omolocum de feijão branco, água mineral, beterraba e berinjela preparadas devidamente. Também aceita frutas.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

OXUM



Oxum é um orixá feminino das águas doces, dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza, cultuada no candomblé e umbanda.

Através de mamãe Oxum, os fiéis buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões, e também na vida financeira, a que se deve sua denominação de“Senhora do Ouro”, que outrora era do Cobre, por ser o metal mais valioso da época.

Oferendas são servidas principalmente nas cachoeiras para Mamãe Oxum


Na natureza, o culto a Oxum costuma ser realizado nos rios e nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais.


Oxum é símbolo da sensibilidade e muitas vezes derrama lágrimas ao incorporar em alguém, característica que se transfere a seus filhos, identificados por chorões.
Sincretismo religioso e a comemoração em 08 de dezembro


Oxum orixá feminina das religiões afro-brasileiras (umbanda e candomblé) é sincretizada com diversas Nossas Senhoras.


O dia 8 de dezembro é marcado por duas celebrações cristãs de significados distintos (quase antagónicos), que se confundem devido à semelhança das suas designações.





Sincretismo religioso aproxima várias Nossa Senhoras a figura do orixá Oxum

A evocação popular, tradicional, celebra a Nossa Senhora da Conceição (ou Concepção), isto é, celebra o arquétipo daMaternidade. Conhecem-se desde o século VII, nomeadamente na Península Ibérica, festas com esta evocação; até há poucos anos era nesta data, e não no primeiro domingo de Maio, que se celebrava o Dia da Mãe.

O conceito teológico oficial é o do dogma da Imaculada Conceição de Maria, definido pelo papa Pio IX em 1854, e nada tem a ver com o conceito popular: afirma que Maria, mãe de Jesus, teria também sido gerada sem cópula carnal de seus pais (Ana e Joaquim); celebra, por isso, a castidade. Esta ideia começou a surgir no século XII, tendo causado intensa polêmica e sido rejeitada por importantes teólogos, incluindo São Bernardo e São Tomás de Aquino, e condenada pelo papa Bento XIV em 1677, até ter sido aceite como dogma em 1854.

A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI, que alegadamente sintetizaria um culto que em Portugal existiu muito antes de ser dogma, pelo menos na sua designação remete para o conceito popular, não para o conceito teológico afirmado pelo dogma. De igual forma, as freguesias portuguesas anteriormente listadas adotaram a designação “Nossa Senhora da Conceição” ou “Conceição”, mas não “Imaculada Conceição”.

Em 8 de dezembro de 1904, em Lisboa solenemente lançou-se a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.

No Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N. Sra. da Conceição.
Oxum na África





Rio Oxum na Africa

Osun, Oshun, Ochun ou Oxum, na Mitologia Yoruba é um orixá feminino. O seu nome deriva do rio Osun, que corre na Iorubalândia, região nigeriana de ijexá e Ijebu.


É representada pelo candomblé, material e imaterialmente, por meio do assentamento sagrado denominado igba oxum.


É tida como um único Orixá que tomaria o nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio.


As mais velhas ou mais antigas Oxum são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex.: Osun Osogbo, Osun Opara ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu, etc.


Em sua obra Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns, Pierre Fatumbi Verger escreve que os tesouros de Oxum são guardados no palácio do rei Ataojá.


O templo situa-se em frente e contém uma série de estátuas esculpidas em madeira, representando diversos Orixás: “Osun Osogbo, que tem as orelhas grandes para melhor ouvir os pedidos, e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo.”


O Festival de Oxum é realizado anualmente na cidade de Osogbo, Nigéria. O Bosque Sagrado de Osun-Osogbo, onde se encontra o Templo de Oxum, é Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2005.


Ọṣun-Oṣogbo ou Bosque Sagrado de Osun-Osogbo é uma floresta sagrada às margens do rioOxum que se encontra na cidade de Oṣogbo, Nigéria.
Características dos filhos da orixá Oxum


O filhos de Oxum dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. Seus filhos e filhas são doces, sentimentais, agem mais com o coração do que com a razão e são muito chorões.





Filhas de Oxum tem intuição forte e podem se tornar líderes espirituais

São extremamente vaidosos e conquistadores, adoram o luxo, a vida social, além de sempre estarem namorando. São obstinadas na procura dos seus objetivos.

Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.

Têm uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.

Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.

Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.

O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maioresYalorixás (mães-de-santo) da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.
Culto a Oxum

Dia principal de culto: Sábado
Comemoração Anual: 08 de dezembro
Cores: Amarelo, ouro, rosa, azul claro
Símbolo: Leque com espelho (Abebé)
Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)
Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade
Saudação: Ora Yêyê Ô!
Velas: branca, rosa e azul clara
Oferendas: Omolocum, rosas e palmas amarelas, espelhos, bonecas, etc.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

IANSÃ








(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três)



O PERFIL DO ORIXÁ

Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome deOyá. É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona,, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara, talvez por causa do raio, já que a santa é sempre invocada para proteger um fiel de uma tempestade. O mesmo acontece com Oyá, que deve ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque tem sido Iansã uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade.

Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, ameaçando os outros, prometendo a guerra, sempre guerreira e, ao mesmo tempo, feliz. Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma que desmedida com que exterioriza sua cólera.

Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos nagôs (ou iorubas, outro nome para a mesma cultura) é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oyá, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.

A figura de Iansã sempre guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos.

É extremamente sensual, apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE IANSÃ

Arquetipicamente, Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.

Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, que enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas, sendo menos sistemáticos, portanto, que os filhos de Ogum.

São quase que invariavelmente de Iansã, os personagens que transformam a vida num buscar desenfreado tanto de prazer como dos riscos. São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal. Faz parte dos filhos de Iansã a maior arte dos militantes políticos não cerebrais por excelência. Ao mesmo tempo, quando rompem com uma ideologia e abraçam outra, vão mergulhar de cabeça no novo território, repudiando a experiência anterior de forma dramática e exagerada, mal reconhecendo em si mesmos, as pessoas que lutavam por idéias tão diferentes. Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado momento de sua vida.

Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior.

O temperamento dos que têm Oyá como Orixá de cabeça, costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.

São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida.

Como esse arquétipo que gera muitos fatos, é comum que pessoas de Iansã surjam freqüentemente nos noticiários. Ao mesmo tempo, é um caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam fascinar (senão aterrorizar) os que os cercam e os grandes interessados no comportamento humano.

Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. São muito ciumentos, possessivo, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.

Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos profissionais.

Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Que Significa Mojubá e Laroiê?






Mojubá é a saudação para Exu (da cultura nagô), o mensageiro, o que comunica aos homens a vontade dos Orixás e, a estes, leva o pedido dos homens.


Alguns dão o significado da palavra Mojubá como sendo “Apresentando meu humilde respeito”, no entanto, a palavra é comumente utilizada como um título, uma louvação que significa respeito e reconhecimento da grandeza e magnitude da entidade EXU.



Alguns acham que MOJUBÁ significa “REI” ou ainda que Mojubá seja uma saudação, como um comprimento que se faz a quem se tem respeito, a palavra também é utilizada para dizer que a pessoa é respeitada, portanto também faz analogia com outra palavra: "grande".


Na Umbanda usamos esta saudação para Exu e Pomba Gira onde dizemos:


Exu Mojubá ou Exu é Mojubá


Pode se entender por: “Exu eu te saúdo” ou “Exu é Grande, te reverencio”...


No dialeto Yorubá, podemos entender que Mojubá significa “meus respeitos”, sendo escrito da seguinte forma:


Mo jubá = meus respeitos


Aproveitando, vamos entender o que Significa LAROIÊ


Laroiê é uma palavra que significa “pessoa muito comunicativa”


Laroiê Exu! = Mensageiro, Exu!



Exu é Mojubá = Exu a vós meus respeitos!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Linha de Esquerda: "Exu e Pomba-Gira"




Os Exus

Muito se fala a respeito dos Exus, mas pouco se entende. Tendo isto em vista, vamos tentar colocar em palavras mais simples a respeito dos mesmos.

Exus são espíritos que já encarnaram na terra. Na sua maioria, tiveram em encarnações anteriores cometidos vários crimes ou viveram de modo a prejudicar seriamente sua evolução espiritual, sendo assim estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda.

São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás. 

Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao "Diabo" medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados a prática do "Mal", pois como são servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens que lhe são passadas. Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações. 

Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exus" dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc. de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhosCiganos, Baianos, etc), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada.

Exú é Mau?


Muitos acreditam que nossos amigos Exus são demônios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar.

Exú é neutro, quem faz o mal são os médiuns que utilizam os Exús para fazerem trabalhos que prejudiquem outras pessoas.

Na verdade o mal ou o bem, como já afirmamos é produto da vontade e da evolução do próprio homem e Exu esta acima do bem e do mal, sentimentos esses pertencentes a evolução humana.

Os negros africanos em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos achavam que eram a forma deles saudarem os santos, incorporavam alguns Exus, com seu brado e jeito maroto e extrovertido, assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os médiuns dizendo que eles estavam possuídos por demônios.

Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de incorporação era devido a demônios.

As cores de Exu, também reafirmaram os medos e fascinação que rondavam as pessoas mais sensíveis.

De um texto extraído do livro “ O Guardião da Meia- Noite” podemos ter uma idéia de quem é Exú:

“Não derrubo quem não merece, nem elevo quem não fizer por merecer.

Não traio ninguém, mas não deixo de castigar um traidor.

Não castigo um inocente, mas não perdôo um culpado.

Não dou a um devedor, mas não tiro de um credor.

Não salvo a quem quer perder-se, mas não ponho a perder quem quer salvar-se.

Não ajudo a morrer quem quer viver, mas não deixo vivo quem quer matar-se.

Não tomo de quem achar, mas não devolvo a quem perder.

Não pego o poder do Senhor da Luz, mas não recuso o poder do Senhor das Trevas.

Não induzo ninguém a abandonar o caminho da Lei, mas não culpo quem dele se afastar.

Não ajudo quem não quer ser ajudado, mas não nego ajuda a quem merecer. 
Sirvo à Luz. Mas também sirvo às Trevas.

No meu reino eu mando e sei me comportar.

Não peço o impossível, mas dou o possível.
Nem tudo que me pedem eu dou, mas nem tudo que dou é porque me pediram.
Só respeito a Lei do Grande da Luz e das Trevas e nada mais.”

Mas Então Quem É Exu? 

Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e que representa o vigor, a energia que gira em espiral.

No Brasil, os Senhores conhecidos como Exus, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exu, e tanto assim, em todo o resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação. Preservando e atuando dentro do mistério Exu.

Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado.

Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade.

Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.

Seu dia é a Segunda-feira, seu patrono é Santo Antônio, em cuja data comemorativa tem também sua comemoração. Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e branca, ou conter outras cores, dependendo da irradiação a qual correspondem. Completa a vestimenta o uso de cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e até mesmo bengalas e punhais em alguns casos.

A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme adequado. Seu aspecto tem sempre a função de amedrontar e intimidar. Suas emanações vibratórias são pesadas, perturbadoras.

É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa. Em centros espíritas, podem aparecer como "guardas". Em caravanas espirituais, como lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos, chapéus, etc.

Eles têm grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres horrendos, animais grotescos, etc.

Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre, honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exu.

Algumas palavras sobre os exus:

· Tem palavra e a honram;
· Buscam evoluir; 
· Por sua função cármica de Guardião, sofrem com os constantes choques energéticos a que estão expostos; 
·Afastam-se daqueles que atrasam a sua evolução; 
· Estas Entidades mostram-se sempre justas, dificilmente demonstrando emotividade, dando-nos a impressão de serem mais "Duras" que as demais Entidades;
· São caridosas e trabalham nas suas consultas, mais com os assuntos Terra a Terra; 
· Sempre estão nos lugares mais perigosos para a Alma Humana;

“Pela Misericórdia de DEUS, que me permitiu a convivência com essas Entidades desde a adolescência, através dos mais diferentes filhos de fé, de diferentes terreiros, aprendi a reconhecê-los e dar-lhes o justo valor. Durante todos estes anos, dos EXÚS, POMBO-GIRAS e MIRINS recebi apenas o Bem, o Amor, a Alegria, a Proteção, o Desbloqueio emocional, além de muitas e muitas verdadeiras aulas de aprendizado variado. Esclareceram-me, afastando-me gradualmente da ILUSÃO DO PODER. Nunca me pediram nada em troca. Apenas exigiram meu próprio esforço. Mostraram-me os perigos e ensinaram-me a reconhecer a falsidade, a ignorância e as fraquezas humanas. Torno a repetir, jamais pediram algo para si próprios. Só recebi e só vi neles o Bem.”  

Testemunho de um Pai-de-Santo. 
Método e Atuação dos Exus 

A maneira dos Exus atuarem, às vezes nos choca, pois achamos que eles devem ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal? Os exus usam as ferramentas que sabem usar: a força, o medo, as magias, as capturas, etc.

Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem "amor", mas eles sabem como agir quando necessitam que a Lei chegue às trevas.

Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não impedem aqueles que querem "cair" nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, Eles a executam da melhor maneira possível doa a quem doer.

Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, como se fosse a picada de uma cobra venenosa. Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar:

Uma pessoa quando está desequilibrada no campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela, após muitas quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu desequilíbrio, com outro desequilíbrio: a falta de fé com o fanatismo. Parece um paradoxo? Sim, parece, mas é extremamente necessário.

Outro exemplo é o vicio as drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar este vicio: ou a prisão, a morte, uma doença, etc.

A Lei é sempre justa, às vezes somente um tratamento de choque remove um espírito do mau caminho. E são os exus que aplicam o antídoto para os diversos venenos.

Os Exus estão ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra (dinheiro, disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, Eles atendem aos diversos pedidos materiais dos encarnados.

Existem algumas coisas com as quais um guia da direita (caboclo, preto-velho) não lida, mas quando se pede a um Exu, ele vai até essa sujeira, entra e tira a pessoa do apuro.

Se tiver alguém para te assaltar ou te matar, os Exus te ajudam a se livrar de tais problemas, desviando o bandido do seu caminho, da mesma forma a Pomba-Gira, não rouba homem ou traz mulher para ninguém, são espíritos que conhecem o coração e os sentimentos dos seres humanos e podem ajudar a resolver problemas conjugais e sentimentais.

Para finalizar, se você vier pedir a um Exú de Lei para prejudicar alguém, pode estar certo que você será o primeiro a levar a execução da Justiça. Mas, se você não estiver em um templo sério, e a entidade travestida ou disfarçada de Exú aceitar o seu pedido... Bom, quando esta vida terminar, e você for para o outro lado... Você será apenas cobrado! 

As Pombo-Giras 
O termo Pombo-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que significa em Nagô, Exu. A origem do termo Pomba-Gira, também é encontrada na história.No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e foi uma ordem formada em sua maioria por mulheres, daí a associação.

Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exus! As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.

Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade, dos Sete Exus Chefes de Legião, apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pombo-gira é mulher de Sete Exus e, por isso, prostituta.É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas, em alguma encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que as pombo-giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem.

A função das pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as destruições.

A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que destroem o homem: a volúpia. Este vicio é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem neste campo emocional.

As pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma. São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.

Devemos conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do lado da Lei e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como bichos-papões. Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma conversa franca, honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles.



Fontes de pesquisa:

Curso de Umbanda Sociedade Espiritualista Mata Virgem
Livro O Guardião da Meia-Noite de Rubens Saraceni

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O Povo Cigano na Umbanda









São entidades que há muito tempo trabalham na Umbanda, mas normalmente se manifestam sob domínio da linha do oriente, entre outras. Isso é possível pelo fato da energia de trabalho ser a mesma, o que muda é a forma de manipular os fluídos, uma vez que os ciganos usam uma relação material, energética, elementar e natural, assim como o povo da esquerda, enquanto que o povo do Oriente manipula esses elementos através de seu magnetismo espiritual.

Sempre se faz necessário deixar claro que uma coisa é ‘Magia do Povo Cigano’, ou ‘Magia Cigana’, e outra coisa bem diferente são as Entidades de Umbanda que se manifestam nesta linha de trabalho. Existe uma pequena semelhança somente no poder da Magia, mas suas atuações são bem diferentes, pois as Entidades de Umbanda trabalham sob domínio da Lei e dos Orixás, conhecem Magia como ninguém e, principalmente, não vendem soluções ou adivinhações.

Entre as legiões de Ciganos os nomes mais conhecidos são: Cigano Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros. Da mesma forma temos as ciganas, como: Esmeralda, Carmem, Salomé, Carmencita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também.

Os espíritos que se manifestam como Ciganos na Umbanda não trabalham a serviço do mal ou para resolver nossos problemas a qualquer custo, mas é importante saber que eles dominam a MAGIA e preservam a LIBERDADE e, tanto quanto em qualquer outra linha de trabalho da Umbanda, teremos aqueles espíritos que não agem dentro do contexto da Lei, os chamados ‘quiumbas’, que se encontram espalhados pela escuridão e a serviço das Trevas. Portanto, é imprescindível o bom nível espiritual do médium para trabalhar com essa linha para que não atraia esses tipos de espíritos pela Lei da Afinidade.
Os Ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada Cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação. Uma das cores, a de vinculação vibracional, raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.

É muito comum os Ciganos usarem em seus trabalhos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes, baralho, espelho, dados, moedas, medalhas e até as próprias saias das ciganas, que são sempre muito coloridas, como grandes instrumentos magísticos de trabalho.

Os Ciganos são dotados de uma sabedoria esplendorosa, trabalham com lindos encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, escolhendo datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua.

Gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante música, dança, frutas, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, com jarras de vinho tinto com um pouco de mel e ainda podemos fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal ou mel. Não podemos esquecer: flores silvestres, muitas rosas, velas de todas as cores e, se possível, incenso de lótus.

Adoram fogueiras onde dançam e cantam a noite toda, aproveitando do poder das salamandras para consumir todo o negativismo e acender a chama interna de cada Ser.
Os Ciganos têm em Santa Sara Kali as orientações necessárias para o bom andamento das missões espirituais.


Salve o Povo Cigano!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Malandros na Umbanda








Os Malandros são espíritos que tem suas próprias características e jeito de manifestar e falar bem diferentes dos Exus. Pode-se citar alguns nomes a mais conhecida falange deles a do Zé Pilintra, mas tem também Zé Malandro, Zé do Coco, Zé da Luz, Zé de Légua, Zé Moreno, Zé Pereira, Zé Pretinho, Malandrinho, Camisa Listrada, e outros.


São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá e sua tradicional vestimenta: Calça Branca, sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e finalmente sua bengala, mas a maioria gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto.

Gostam de dançar gingando as pernas e corpo como se fosse parecido com a gafieira.

Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os quais são compostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples, amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos demais.

Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas. Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, ter sua roupa completa, é muito vaidoso, tem duas características marcantes:

Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, gosta muito da presença de mulheres, gosta de elogiá-las ,etc.

Outra é ficar mais sério parado num canto observando os movimentos ao seu redor, mas sem perder suas características.





Existem também as manifestações femininas da malandragem, a Maria Navalha é um bom exemplo. Manifesta-se com as características semelhantes aos malandros, dança gingando ou sambando, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.

Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na linha dos pretos velhos e Exus. Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros, pois ele também toma conta das portas, das entradas etc.

É muito conhecido por sua irreverência, suas guias podem ser de vários tipos, desde coquinhos com olho de Exu, até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.

Salve os Malandros e Malandras na Umbanda... Saravá a Malandragem!!!


Fonte: http://blog.clickgratis.com.br

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Me chamaram para entrar no Terreiro. E agora?



Queridas leitoras e queridos leitores,
Tenho recebido muitas mensagens de pessoas que estão começando o seu caminho na Umbanda, seja no Brasil ou em outros países, e têm dúvidas sobre algumas questões bastante relevantes. Geralmente as dúvidas que as pessoas colocam são idênticas, ou muito parecidas. Creio que são questões que a maior parte das pessoas que começam na Umbanda têm (eu inclusive!), e por isso, neste texto, resolvi abordar algumas delas.
Longe de mim saber a resposta ideal ou correta para estas ou outras questões da nossa religião. Minha intenção é apenas incentivar a reflexão e, quem sabe, ajudar-vos a encontrar uma resposta nos vossos corações.

1 – Fui convidado/a para integrar a corrente mediúnica de um Terreiro. E agora?
Quando uma pessoa é convidada para integrar a corrente mediúnica de um Terreiro de Umbanda (passar a fazer parte do grupo de médiuns, ficando do lado de dentro de tronqueira), surgem imediatamente muitas dúvidas e anseios. Passar da assistência para o “lado de dentro” é um passo muito grande e têm muitas implicações. Por não saberem exatamente o que isto implica, muitas pessoas ficam em pânico, confusas, amedrontadas, acham que têm a obrigação de aceitar este chamamento e que a vida delas vai mudar radicalmente.
O primeiro conselho que eu posso dar é: tenha calma! Quando este convite é feito, ninguém, em circunstância nenhuma, é obrigado a aceitar. Algumas pessoas não se sentem preparadas ainda ou não se identificam com o Terreiro em questão. Por isso a recusa é totalmente legítima e a vida delas não vai desmoronar (não mesmo!) por causa disso. Por isso, mesmo diante da surpresa, da animação e da excitação pela possibilidade de integrar a corrente mediúnica, é importante ter calma e pensar muito bem nos prós e contras de dar este passo, com calma, com tempo, com o coração.
Agora, falando sobre o que implica passar para o lado de dentro, algumas pessoas acham que implica somente passar a ir de roupa de branca e chegar um pouquinho mais cedo às sessões. Mas não é só isso, de todo! Mais do que tudo, passar para o lado de dentro significa assumir um compromisso, consigo próprio, com a casa, com a família espiritual daquela casa e com as suas próprias entidades. Significa estar interessado e disponível para as atividades de desenvolvimento mediúnico, de caridade, para as Giras e outras atividades daquele Terreiro. Significa, também, estar disponível para organizar, limpar e ajudar nas tarefas de preparação do ambiente para os trabalhos espirituais que são realizados. Aqui também impera a liberdade de cada um, e o seu desenvolvimento vai caminhar conforme o seu interesse e dedicação. Há quem chegue no dia da Gira, coloque a roupinha branca, participe dos rituais e logo a seguir vai embora. Há quem faça tudo isso e, para além, se preocupa em chegar mais cedo para limpar o chão e o Congá, arrumar as flores, organizar a assistência, fazer a sustentação energética durante a Gira, ler e estudar a religião de Umbanda, propor matérias interessantes para serem estudadas no Terreiro, etc. O certo e errado, melhor ou pior em tudo isso, caberá à consciência e coração de cada um dizer.

2 – O que fazer parte de um Terreiro de Umbanda vai mudar na minha vida?
Passar a fazer parte de um Terreiro de Umbanda não significa que você vai ter que fazer dezenas de oferendas por semana, mudar a forma como se veste no dia-a-dia, andar por aí com 50 guias no pescoço, deixar de ter vida social ou passar a incorporar espíritos sem nenhum controle, em qualquer lugar. Não é nada disso. Quando fazemos parte de um Terreiro de Umbanda, temos a oportunidade de vivenciar mais intensamente os fundamentos desta religião e o intercâmbio entre o mundo físico e o mundo espiritual, que nos proporciona uma enorme ampliação da consciência. Mais do que qualquer outra coisa, a Umbanda tem como objetivo auxiliar os seus seguidores a compreender e aceitar que todos os espíritos são uma expressão divina, que a vida é muito mais do que isso que vemos e tocamos no plano físico, que a caridade é uma forma de redenção e de perdão, que é possível e desejável agirmos sempre com amor, respeito e entendimento do próximo e de nós mesmos/as.
Fazer parte de um Terreiro de Umbanda é tentar, todos os dias, ir para o trabalho e não pensar mal do colega, é perdoar a ofensa que um amigo lhe dirigiu, é ir para a Gira e não fazer fofoca dos irmãos de Terreiro, é compreender e respeitar os problemas que as pessoas da assistência trazem e para os quais pedem ajuda. Se, para além disso, você quiser realizar as oferendas, andar com uma ou outra guia, optar (sim, optar, não ser obrigado) a vestir sempre uma peça de roupa branca, ou parar de fumar, ou de beber álcool, excelente, tudo isso vai contribuir para o seu crescimento! Mas não sinta que tudo isso seja uma obrigação.
Isso tudo parece muito clichê, mas não se pode fugir disso. Seguir os fundamentos da Umbanda significa trabalhar para ser uma pessoa melhor nesta encarnação, com a ajuda daquilo que se vivencia no Terreiro, das experiências de incorporação, do aprendizado da religião, das mensagens das entidades espirituais, e assim por diante.

3 – Como saber se o Terreiro que eu frequento é o certo para mim?
Esta questão é muitíssimo frequente. Sobretudo no início, as pessoas sentem muita dificuldade em identificar o que é bom e o que pode ser censurável num Terreiro.
O primeiro aspecto a ter em conta é que os Terreiros de Umbanda podem seguir os mesmo fundamentos religiosos, mas apresentarem grandes diferenças entre si. Alguns podem ser mais africanizados, incorporando fundamentos do Candomblé, outros mais esotéricos, ou com alguns fundamentos do Xamanismo, e assim por diante. Não há certo ou errado em cada um destes exemplos, são todos válidos e a decisão de frequentar um Terreiro mais para um lado ou mais para o outro é de cada um. A Umbanda é uma religião em formação e não existe uma norma a que todos os Terreiros devem seguir, isto dependerá de cada dirigente e do corpo mediúnico.
Para entender o que é importante num Terreiro de Umbanda, é fundamental saber o que é Umbanda. Por isso, estudar os fundamentos da Religião é fundamental e nos ajuda a decidir se queremos seguir as práticas adotadas num ou noutro Terreiro.
Apesar de haver muitas opiniões divergentes, vou enumerar alguns aspectos que, na minha opinião, são censuráveis e sobre os quais você deve ter atenção:
• Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade. Por isso, os trabalhos espirituais não são cobrados dos consulentes. Se o Terreiro que você frequenta ou pretende frequentar cobra entrada das pessoas, ou cobra pelos tratamentos, tenha atenção e analise esta questão de acordo com os fundamentos da religião.
• A Umbanda não realiza trabalhos de amarração amorosa, de magia negativa, de fechamento de caminhos, de vingança ou similares. Existem trabalhos espirituais nestas linhas, são todos possíveis e trazem resultados (mas estarão sujeitos às Leis de Causa e Efeito), mas definitivamente não fazem parte da religião de Umbanda.
• Os médiuns são livres para escolher entrar e permanecer num determinado Terreiro. Se no seu Terreiro existem histórias de pessoas que sofreram represálias por manifestarem a vontade de sair, ou que os médiuns ou dirigentes fizeram trabalhos de magia negativa contra as pessoas que saíram ou se recusaram a entrar, fique alerta e pondere se quer fazer parte deste ambiente.
• A Umbanda não determina que os dirigentes espirituais (Pais e Mães de Terreiro) guardem para si os seus conhecimentos sobre a religião. Dirigentes que se recusam a explicar os rituais, que exigem trabalhos e oferendas dos médiuns sem razão aparente e que se colocam numa posição de superioridade adotam uma postura censurável. Apesar de poderem ter a sua mediunidade mais desenvolvida, ou de terem mais experiência na prática da religião, os dirigentes não são superiores a nenhum médium e é desejável que adotem uma postura de humildade, acolhimento e compreensão quanto a estes, ajudando-os a evoluir no seu caminho e não tentando bloquear o seu crescimento espiritual plantando a ignorância e o secretismo dos rituais.

4 – Onde posso buscar informação sobre a Umbanda?
O estudo da Umbanda é fundamental. Estando no Brasil ou fora, há uma série de cursos, livros, vídeos no Youtube, jornais e revistas online e uma série de outros recursos aos quais podemos recorrer. Procure, vá atrás, hoje em dia não há desculpas!
Compreender o básico das manifestações espirituais também é bastante importante. Por isso, é recomendável, para começar, o estudo das obras de Allan Kardec (especialmente o Livro dos Médiuns e o Livro dos Espíritos), mas sempre tendo em atenção que estes livros falam de alguns aspectos aceitos pela doutrina Espírita, e não pela doutrina Umbandista. É preciso ler com algum juízo crítico e, em caso de dúvida, falar com pessoas mais experientes.
Deixo aqui algumas dicas de estudo:
• Livros de Allan Kardec, que nos ajudam a compreender fenômenos como a mediunidade, a manifestação de espíritos através da matérias, a reencarnação, dentre outros;
• Romances espíritas ou psicografados, que sempre nos dão uma valiosa lição de vida;
• Cursos de doutrina umbandista, como o Curso de Teologia de Umbanda Sagrada do Mestre Alexandre Cumino, trazem um conhecimento muitíssimo profundo sobre a religião;
• Livros do Mestre Rubens Saraceni, todos, sem exceção!

Estes recursos já têm informação para uma vida inteira de aprendizado!

5 – Não sei se quero incorporar, tenho algum receio. Posso ser Umbandista?
Incorporar, incorporar, incorporar. Esta é a grande questão para quem quer fazer parte do mundo umbandista. Ou porque não quer incorporar, ou porque quer incorporar já, agora, sem demora, e quanto mais melhor.
A mediunidade de incorporação é fundamento e parte inseparável da religião de Umbanda, mas não é o seu único recurso. Eu, por exemplo, tenho irmãos de Terreiro que nunca incorporaram, não querem desenvolver a mediunidade de incorporação, e ainda assim realizam um trabalho exemplar nas Giras. Como? Aqui vão alguns exemplos:
• Trabalhos de organização, que são absolutamente essenciais: limpeza, compra de materiais, organização da agenda de trabalhos, organização da assistência e do atendimento dos consulentes. Não tem como fazer um bom trabalho num Terreiro sujo e desorganizado, por isso essas tarefas são importantíssimas. E através da sua dedicação e participação dos trabalhos realizados nas Giras estes irmãos também aprendem muito e crescem espiritualmente.
• Sustentação energética dos trabalhos espirituais, como fazer a sustentação na Tronqueira ou dos consulentes enquanto os médiuns incorporados realizam o seu trabalho de limpeza e aconselhamento.
• Cambonar  (auxiliar os médiuns que estão incorporados), que é um trabalho indispensável. Os cambonos auxiliam os médiuns incorporados providenciando aquilo que eles necessitam para trabalhar (pegar as velas, acender o charuto, entregar a pemba) e também ajudam com a sustentação energética do trabalho da Entidade incorporada. Os cambonos acompanham de perto o trabalho das Entidades e conseguem aprender muito sobre a ritualística da Umbanda e sobre a vida como um todo, através dos trabalhos e aconselhamentos que são passados aos consulentes.

Fonte: http://umbandaeucurto.com/umbanda-na-europa/2015/umbanda/10577/#.VjDKoberTct

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A gira de Boiadeiros


Os conhecedores da terra, dos campos e da vida simples.




Uma das giras mais antigas dentro da Umbanda é a dos nossos queridos Boiadeiros.
Uma manifestação de espíritos daqueles que foram muito acostumados a terra de chão e tocavam o gado pelas estradas do interior de nosso Pais, em condições muito difíceis mas que nunca abalou a adoração desse povo pela lida no campo.

Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, esbravejando a inconfundível toada "êeeee boi" como se ainda estivessem tocando seu rebanho.

O que mais agrada um Boiadeiro é uma boa comida da roça, bebidas simples, mas sem dispensar as iguarias do povo mais moderno, afinal, já passaram necessidades suficientes para não precisar mais se privarem de uma boa cervejinha se assim forem ofertados.

A magia de sua gira é inconfundível, as histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo que nos exprimem.
Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa educação e bons costumes falavam mais alto e faziam muito mais diferença do que nos dias de hoje.

Marranbá che tuá Boiadeiros, é uma das saudações para este povo, ou Chetu, marrumbá Che, ou ainda simplesmente Sarava meu Pai Boiadeiro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O que significa servir um amalá para Xangô?



Xangô, que nos rituais gege-nagô é o Orixa da justiça, do equilíbrio, aquele que decide o certo e o errado, sendo representado principalmente pelo seu raio e o oxé (espécie de machado que corta dos dois lados, como a justiça deve ser, neutra e imparcial).
Possui como principal comida ritual o Amalá, por isso chamada de comida de axé, que deve ser colocado em gamela, quando possível, preparado por um filho de Xangô. Servir o Amalá é sempre um momento de muita emoção, e deve ser de união também, é quando temos a oportunidade de poder compartilhar do axé deste Orixá, com todos os presentes, é se encher de alegrias e forças a cada novo dia, é ter a certeza que Xangô está presente em todos os nossos momentos, nos acompanhando em cada decisão, em cada novo passo em nossa vida diária.
Quando for servido em um Xirê, o preparo do Amalá deve iniciar no dia anterior, com a maceração da mostarda (macerada para reduzir o amargo, característico da folha), para no dia seguinte um filho de Xangô (se houver) fazer o preparo do pirão (preparado a partir de farinha de mandioca crua) e do molho para ser servido. O molho, com a mostarda (folha) é servido sobre o pirão.
Nos rituais gêge-nagô a culinária é de extrema importância, pois o Orixá já está do lado de quem prepara, observando o carinho dispensado, a atenção dada e a dedicação do preparo inicial até a entrega do axé. Não basta fazer, é preciso fazer certo, sem esperar receber nada em troca por isso. É o que chamamos de amor, pelo Orixá, pela religião.
Mais do que servir uma linda oferenda, o "seu coração, deve estar puro", lembrando que o Orixá sabe quando estamos fazendo com o coração, pois não adianta fazer como alguns filhos e Pais de Santo (que nem poderiam ser chamados de Pai) que pedem e abençoam seus filhos pela boca (na frente de outros, para mostrar uma máscara, aquilo que não são) , e pelas costas cortam muitas aves e fazem feitiços para prender seus filhos. A hipocrisia e o desrespeito com os Orixás é o maior problema do batuque. A doença e os problemas futuros que estes recebem é a certeza que o Orixá tudo enxerga e tudo sentencia, nos mostra que Xangô é imparcial, retirando destas casas todos seus filhos que foram vítimas das artimanhas de alguns.
Segundo DaMata (2001), existe diferença entre alimento e comida, e esta última é capaz de identificar quem a come, conforme citação apud de Maciel (2005)
"Dize-me o que comes e te direi qual deus adoras, sob qual latitude vives, de qual cultura nasceste e em qual grupo social te incluis. A leitura da cozinha é uma fabulosa viagem na consciência que as sociedades têm delas mesmas, na visão que elas têm de sua identidade”.
(MACIEL, 2005, p. 50).
O Amalá, identifica Xangô na comunidade onde ele está inserido, fortifica o seu axé, identifica seus membros, e cumpre um compromisso social, pois em um Xirê é aberto a toda a comunidade.
Poder participar é ter a possibilidade de alimentar a sua fé a cada dia. Assim como é fornecido alimento ao corpo, a fé, é o alimento oferecido ao sagrado. Compartilhar o alimento com o sagrado é ter a possibilidade, e ser servido do mesmo alimento que é ofertado ao Orixá, neste caso Xangô.
Quando é degustado pela comunidade e filhos de santo, estamos não somente ingerindo um alimento, mas também resgatando uma ancestralidade, estamos desenvolvendo nossa humildade, já que na sociedade atual não comemos com as mãos, comemos o amalá com as mãos em respeito a Xangô, em respeito aos Orixás e a religião africana.
É crucial que para participar deste ritual os participantes estejam puros, pois sendo Xangô o Orixá da balança, do equilíbrio ele busca a justiça onde ela estiver, inclusive quando seus filhos erram, pois a justiça é feita onde estiver.
Em todo o lugar onde estiver um Babalorixá, uma Yalorixá ou mesmo uma pessoa não iniciada, com certeza, estará também cultuando e resgatando a ancestralidade africana.
É imprescindível que o preparo do Amalá seja realizado com dedicação e pureza no coração, é necessário estar em sintonia com seu Orixá, e esta sintonia somente é alcançada com carinho de quem está preparando o Amalá.
O ritual do Amalá é a oportunidade que todos tem de compartilhar momentos de muita fé e agradecer a Xangô, além de fazer seus pedidos e fortalecer o axé.
Pois o axé é fortalecido com ações corretas a cada dia, axé é uma força, que segundo Santos (2008) "como toda força, pode diminuir ou aumentar. Essas variações estão determinadas pela atividade e condutas rituais".
Daí a importância de uma conduta correta e adequada a religião africana. Não basta ser de religião é preciso viver a religião, e a religião é vivida através de ações diárias com os Orixas, quando se prejudica um filho do axé, estamos prejudicando seu Orixá.
O Amalá para Xangô é o momento onde todos se reunem para desenvolver ainda mais a sua fé, desenvolver o axé e resgatar a ancestralidade de cada um.
Orixá é alegria, é paz e tranquilidade especialmente Xangô, orixá da justiça e do equilíbrio, capaz de tomar decisões certas onde nós não teríamos condições.
Neste sentido o Amalá para Xangô é o momento onde Xangô recebe todos os seus filhos, e os mostra o caminho certo, pois como Pai, ele educa, corrige e faz com que seus filhos andem e se desenvolvam a cada dia mais em toda a sua plenitude.
Que neste novo ano todo Amalá para Xangô servido no Ilé Orixá Ogum Adioko e Oyá Tofã seja para trazer prosperidade, alegria e justiça a todos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


DAMATA, Roberto. “Sobre comidas e mulheres”. In: DAMATA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro.ROCCO, 2001. Apud MACIEL, Maria Eunice. 2005. "Os tipos característicos. Região e estereotipos regionais". Humanas, Porto Alegre, vol. 18, n. 1/2, jan./dez. p. 171-91. p. 171-91

SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a morte: Pàde, Àsèsè e o culto Égun na Bahia; traduzido pela Universidade Federal da Bahia. 13 ed. Petrópolis, Vozes, 2008.