terça-feira, 26 de julho de 2016

Nanã

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A mais velha divindade do panteão, associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. O único Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto reverenciada como sendo a divindade da vida, como da morte. Seu símbolo é o Íbíri - um feixe de ramos de folha de palmeira  com a ponta curvada e enfeitado com búzios. 
Nana é a chuva e a garoa. O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento, uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá. 
Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de contato da terra com as águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de Deus, sendo portanto também sua criação simultânea a da criação do mundo.

  1. Com a junção da água e a terra surgiu o Barro.
  2. O Barro com o Sopro Divino representa Movimento.
  3. O Movimento adquire Estrutura.
  4. Movimento e Estrutura surgiu a criação, O Homem.
Portanto, para alguns, Nanã é a Divindade Suprema que junto com Zambi fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento Barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e nada se perca. 
Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido. 
Nanã não tolera traição, indiscrição, nem roubo. Por ser Orixá muito discreto e gostar de se esconder, suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. Por exemplo, ninguém desconfiará que uma dengosa e vaidosa aparente filha de Oxum seria uma filha de Nanã "escondida". 
Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido. 
A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo. 
Muitos são portanto os mistérios que Nanã esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem a invoca em geral sempre a mesma relação austera que mantém com o mundo. 
Nanã forma par com Obaluaiê. E enquanto ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar, ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético ao tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação.
Este mistério divino que reduz o espírito, é regido por nosso amado pai Obaluaiê, que é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro.
Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.
Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a "memória" dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.
Esta grande Orixá, mãe e avó, é protetora dos homens e criaturas idosas, padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas.
Quando dança no Candomblé, ela faz com os braços como se estivesse embalando uma criança. Sua festa é realizada próximo do dia de Santana, e a cerimônia se chama Dança dos Pratos.


Origem

Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia iorubá, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual Republica do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.
Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá. 
É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluaiê) e Oxumarê.

Características
CorRoxa ou Lilás (Em algumas casas: branco e o azul)
Fio de ContasContas, firmas e miçangas de cristal lilás.
ErvasManjericão Roxo, Colônia, Ipê Roxo, Folha da Quaresma, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Canela de velho, Salsa da Praia, Manacá. (Em algumas casas:  assa peixe, cipreste, erva macaé, dália vermelho escura, folha de berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa vermelho escura, tradescância)
SímboloChuva.
Pontos da NaturezaLagos, águas profundas, lama, cemitérios, pântanos.
FloresTodas as flores roxas.
EssênciasLírio, Orquídea, limão, narciso, dália.
PedrasAmetista, cacoxenita, tanzanita
MetalLatão ou Níquel
SaúdeDor de cabeça e Problemas Intestino
PlanetaLua e Mercúrio
Dia da SemanaSábado (Em algumas casas: Segunda)
ElementoÁgua
ChakraFrontal e Cervical
SaudaçãoSaluba Nanã
BebidaChampanhe
AnimaisCabra, Galinha ou Pata. (Brancas)
ComidasFeijão Preto com Purê de Batata doce. Aberum. Mungunzá
Numero13
Data Comemorativa26 de julho
Sincretismo:Nossa Senhora Santana
Incompatibilidades:Lâminas, multidões.
Qualidades:Ologbo, Borokun, Biodun, Asainán, Elegbe, Susure




Atribuições



A orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova "vida", já mais equilibrada .

  

As Características Dos Filhos De Nanã

Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça, pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural. Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros. 
Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela. 
Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, mantém-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram. Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc. 
Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente têm. 
Os filhos de Nanã são calmos e benevolentes, agindo sempre com dignidade e gentileza. São pessoas lentas no exercício de seus afazeres, julgando haver tempo para tudo, como se o dia fosse durar uma eternidade. Muito afeiçoadas às crianças, educam-nas com ternura e excesso de mansidão, possuindo tendência a se comportar com a indulgência das avós. Suas reações bem equilibradas e a pertinência de suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça, com segurança e majestade.
O tipo psicológico dos filhos de NANÃ à introvertido e calmo. Seu temperamento é severo e austero. Rabugento, é mais temido do que amado. Pouco feminina, não tem maiores atrativos e à muito afastada da sexualidade. Por medo de amar e de ser abandonada e sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.



Lendas de Nanã
Como Nanã Ajudou na Criação do Homem
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixá povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é seu.





sexta-feira, 15 de julho de 2016

Os Baianos na Umbanda

De um modo geral, os baianos são tidos como pessoas alegres e teimosas em afirmar sua identidade cultural. Os baianos da Umbanda, entretanto, pouco presentes na literatura científica, são guias que mesclam características da direita e da esquerda, nas giras ele se apresenta com forte traço regionalista, principalmente em seu modo de falar cantado, diferente, eles são “do tipo que não levam desaforo pra casa”, possuem uma capacidade de ouvir e aconselhar, conversando bastante, falando baixo e mansamente, são carinhosos e passam segurança ao consulente que tem fé.

Os baianos, trabalhadores da Umbanda, pertencem à chamada Linha das Almas, a mesma dos Pretos Velhos. É uma linha que traz uma mensagem de conforto, por estar mais próxima do nosso tempo. São os Espíritos responsáveis pela “esperteza” do homem em sua jornada terrena. No desenvolvimento de suas giras, os baianos trazem como mensagem a forma e o saber lidar com as adversidades de nosso dia-a-dia, com a alegria, a flexibilidade, a magia e a brincadeira sadia.

A Umbanda caracterizou-se por cultuar figuras nacionais associadas à natureza, à marginalidade, à condição subalterna em relação ao padrão branco ocidental. O nordestino é o “subalterno” da metrópole, o tipo social “inferior” e “atrasado”, e por isso é ridicularizado, mas também de admiração, pois igualmente representa aquele que resiste firmemente diante das adversidades.


O Baiano representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na "escola da vida" e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e irreverência do nordestino migrante parece ser responsável pelo fato de os baianos terem se tornado uma entidade de grande frequência e importância nas giras paulistas e de todo o país, nos últimos anos.

Muitos dos baianos são descendentes de escravos que trabalharam no canavial e no engenho. Os baianos têm um conhecimento muito grande das ervas e do axé. Falam com sotaque arrastado, igual ao povo que ainda mora na Bahia.

A Linha dos Baianos é formada por Espíritos alegres, brincalhões e descontraídos. Gostam muito de desmanchar demandas. São conselheiros e orientadores e gostam muito dos rituais em que trabalham, girando e dançando com passos próprios.

A gira de Baianos nada mais é do que a alegria de um povo que foi e é sofrido, mas que não perde a esperança por possuir uma fé inabalável e uma experiência em lidar com problemas que fazem os nossos parecerem brincadeira. Agradecem às festas que lhe são oferecidas; bebem batidas de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana.

O Povo Baiano vem trazer sua energia positiva, portanto sua gira é sempre muito animada. São Entidades que têm muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para nossas questões. Com seus cocos, azeite de dendê, comidas e cantigas típicas da região, realizam trabalhos em prol da evolução espiritual de todos. Por terem vivido em épocas mais recentes, são Espíritos mais próximos de nós. Estamos sempre aprendendo com os Baianos, com a sua força de viver frente aos problemas e situações cotidianas e o amparo ao próximo, transformando a tristeza em alegria e esperança.

Durante as giras sempre dão demonstrações de intensa alegria, apresentando fortes traços regionais, usando chapéus de couro ou palha, lembrando os Cangaceiros. Com seu jeito valente, não levam desaforo para casa. Por outro lado, possuem também características de pacientes, e todos gostam de ouvir seus conselhos. Costumam ser também carinhosos, e passam sempre segurança.

É comum presenciarmos estas magníficas entidades desviarem assuntos relacionados a trabalho, dinheiro, ou qualquer outro problema para perguntar sobre as coisas do coração. Impressiona como normalmente estes problemas existiam e era o que realmente estava atrapalhando. Sanado estes problemas de relacionamento, os demais acabam como que por mágica.

Dependendo da forma de trabalho do chefe da casa e de seus médiuns, diferenças de comportamento podem ser observadas, em alguns lugares, os baianos se apresentam com características mais duras, em que parecem ser mais briguentos e falam muito alto, em outros, sua incorporação é mais mansa e a Entidade manipula essências aromáticas, ervas, flores e velas coloridas. Apesar das diferenças, todos têm em comum a popularidade. São muito queridos e fazem sucesso em realidades sociais distintas. Desprendida, sem complicações, um alto astral e uma vontade imensa de resolver as "coisas do coração", verdadeiro obstáculo do ser humano. Porque é nas coisas do coração que se encontram as soluções para todos os outros problemas.

Os Baianos apresentam um comportamento comedido, não xingam, nem provocam ninguém, não sendo enfim zombeteiros. Os trabalhos com a corrente dos Baianos, nos trás muita paz, nos passando perseverança, para vencermos as dificuldades de nossa jornada terrena. Como encarar a vida e seus problemas com entusiasmo e alegria? Pergunte a uma Entidade da Gira de Baianos. Sem a menor dúvida, a gira mais festiva e alegre da Umbanda.


Características dos Baianos na Umbanda:

Comidas: Coco, cocada, farofa com carne seca etc.

Bebidas: Água de coco, cachaça, batida de coco etc.

Fumam: Cigarro de palha, fumo de rolo etc.

Trabalham: Desmanchando trabalhos de magia negra, dando passes, etc,. São portadores de fortes orações e rezas. Alguns trabalham benzendo com água e dendê.

Cor: laranja ou qual for definida pela entidade

Apresentação: Usam chapéu de palha ou de couro e falam com sotaque característico nordestino. Geralmente usam roupas de couro.

Nomes De Alguns Baianos: Severino, Zé Do Coco, Sete Ponteiros, Zé Baiano, Zé Do Berimbau, Maria Do Alto Do Morro, Zé Do Trilho Verde, Maria Bonita, Gentilero, Maria Do Balaio, Maria Baiana, Maria Dos Remédios, Zé Do Prado, Chiquinho Cangaceiro, Zé Pelintra (que trabalham também na Linha de Jurema, Linha de Malandros e Pretos Velhos).


É da Bahia, Meu Pai!

terça-feira, 12 de julho de 2016

Isto não é Umbanda!





Muitas vezes, quem chega em um Templo de Umbanda pela primeira vez vem cheio de receio, cheio de medo, temeroso de que esteja fazendo algo errado ou que alguém naquele ambiente possa prejudicá-lo.

As pessoas ouvem as histórias mais absurdas sobre a Umbanda e não é por acaso, eu também já ouvi histórias absurdas de casos acontecidos dentro de um local que se identifica como Terreiro de Umbanda. São histórias de abuso, de assédio, de constrangimento, de exposição ao ridículo, de calúnia, difamação, mentiras, fofocas, inveja, e toda sorte de ego, vaidade e outros desequilíbrios que assolam o ser humano. Não poucas vezes ouvimos casos de dirigentes que usam do Templo, de um suposto trabalho espiritual, para se aproveitar das pessoas que chegam pedindo ajuda, socorro, amparo espiritual e cura. Por conhecer muita gente, receber muita gente, acabo ouvindo muita coisa. Já ouvi até histórias de estelionato, e não foram uma, nem duas e, sim, muitas.É muito triste, quase que semanalmente, ouvirmos novas histórias de pessoas que procuraram um Templo de Umbanda e foram mal recebidas, mal tratadas e até prejudicadas.

Para todos os casos de abuso, assédio, estelionato e outros crimes, eu recomendo sempre que procure a Polícia para fazer um Boletim de Ocorrência, para registrar o crime e, se for o caso, tomar as providências cabíveis.

Muitas vezes, as pessoas são coagidas a se manterem frequentando um certo local dito religioso com a ameaça de que, se sair daquele local, tudo de ruim vai acontecer em sua vida. E algumas vezes os médiuns de uma corrente assistem aquele que deveria ser seu Pai ou sua Mãe Espiritual falando mal de quem pediu para se afastar dos trabalhos espirituais e, quando não, todos testemunham o infeliz (ou a infeliz) fazer trabalhos negativos para prejudicar aqueles que apenas escolheram não fazer parte de sua corrente mediúnica. Isto não é Umbanda!

Estas pessoas, que foram prejudicadas, saem falando mal de tudo isso e com razão! A única coisa que nos entristece é que tudo isso em nada tem a ver com a Umbanda e, sim, com o despreparo de algumas pessoas que estão em nosso meio (e não são poucas).

Sofremos muitos tipos de discriminação, como, por exemplo, das novas religiões que pregam serem as únicas eleitas e que nós trabalhamos com demônios. Mas o pior preconceito é daquele que passou por um local que lhe prejudicou, usando o nome da Umbanda. Pessoas que se apaixonaram pelo Preto Velho, que se encantaram com as Crianças, que se fortaleceram com os Caboclos e que, no mesmo lugar onde conheceram estas entidades, foram prejudicadas pelo desequilíbrio de um dirigente que deveria estar ali para ajudar e orientar. Como explicar que isto não é Umbanda?

Isto se torna um trauma na vida da pessoa e aqui vale a afirmação que diz: “Gato escaldado tem medo de agua fria”. É assim para todos nós. São milhares de mães, pais, maridos e mulheres que temem pela integridade de seus parentes e amigos quando ouvem que eles estão frequentando a Umbanda. Temem que eles passem pela mesma dor, que eles sintam o mesmo medo e que vivam com esta marca ou esta “vergonha” de ter participado de algo que não era bom e não fazia o bem. E que foram, sim, enganados com relação à Umbanda!

Existe, sim, muito Umbandista, ou melhor, pessoas que se dizem Umbandistas e que usam da Umbanda para SATISFAZEREM SEUS DESEQUILÍBRIOS. Isto não é Umbanda!

É muito triste, porque, em torno, sempre tem muita gente bem intencionada, gente que gosta da Umbanda, gente que quer fazer algo pelo próximo, gente que está ali acreditando na caridade, gente que está sendo enganada! Isto não é Umbanda!

Se você frequenta um local destes, não tenha medo, se afaste! Se for preciso, dê uma desculpa e suma! Tem medo? Então não desista da Umbanda, a Umbanda não tem culpa destes desequilíbrios e destes despreparos!

Umbanda é religião e faz única e exclusivamente o BEM! Umbanda não é para o nosso ego e nem para a nossa vaidade! Umbanda é para destruir nosso ego, nossa vaidade e nos ajudar a nos reequilibrarmos na vida!

Procure um outro Templo onde você seja bem acolhido ou bem acolhida!

Procure um Templo onde exista AMOR! Procure um Templo onde as pessoas se respeitam! Procure um Templo onde o encontro espiritual seja mais importante que o encontro social! Encontre um Templo que ensine, que estude, que esclareça, que ampare, que oriente, que ajude, que não espere nada em troca, além de seu respeito pelo que é sagrado!

Isto é Umbanda! A Umbanda é Sagrada! A Umbanda é Religião e Espiritualidade! A Umbanda é Fé e Caridade! A Umbanda é Amor e Alegria! A Umbanda é Conhecimento e Sabedoria! A Umbanda é Justiça e Equilíbrio! A Umbanda é Lei e Ordem! A Umbanda é Evolução e Crescimento! A Umbanda é Vida para nossas Vidas! Isto é Umbanda!

Procure e você encontrará!

Por: http://umbandaeucurto.com/alexandre-cumino/2014/umbanda/isto-nao-e-umbanda/

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Gira de Exu não é “Casa da Mãe Joana”






Quando comecei a frequentar um Terreiro de Umbanda, não posso negar que encarava a Linha dos Exus e Pombagiras com alguma desconfiança e até receio. As imagens com chifres, capas negras e até nudez, os altares com bebidas alcóolicas e charutos e tudo aquilo que ouvimos por aí é muito marcante e causa-nos uma ideia inicial pouco positiva. Foi assim comigo e sei que é assim com muita gente.

Antes da minha primeira Gira de Exu eu estava bastante ansiosa, sem saber direito o que esperar. Será que as entidades incorporadas seriam assustadoras como as imagens? Será que fariam trabalhos de amarração e de magia negativa? Será que nessas Giras incentivam a vingança e outras posturas imorais? Eram essas e muitas perguntas que me passavam pela mente.

Passando pela primeira Gira de Exu e por outras Giras posteriormente, percebi que os mitos que as pessoas criam por aí são absurdamente falsos. Vamos a eles (os mitos):

1 – Exus não são “demônios”. Sendo entidades de Umbanda, obviamente os Exus e Pombagiras são entidades que trabalham apenas para o bem e não sustentam trabalhos de magia negativa. O trabalho dos Exus consiste em aplicar a Lei Divina, ajudando a trazer para as nossas vidas as consequências daquilo que praticamos, seja para o bem ou para o mal. Os Exus não se vingam, não “aprontam”, não colocam o mal no caminho de ninguém; ajudam-nos a colher aquilo que plantamos, tanto para aprendermos com as experiências negativas como para crescermos com as nossas virtudes. 

2 – O uso da bebida e do fumo não é para diversão. Já ouvi muitas vezes que os Exus e Pombagiras, quando incorporados, pedem sempre bebidas e fumo para sentirem os prazeres da vida carnal, dos quais sentem saudades. Mas isto não é bem assim: apesar de terem vivido encarnações na Terra, como nós, e de estarem próximos da nossa faixa vibratória, os Exus são espíritos certamente mais evoluídos do que nós que estamos aqui, agora, e por isso são nossos Guias espirituais, sendo que já não estão presos a estes “prazeres carnais”. O uso da bebida e do fumo nas Giras e nas oferendas visa possibilitar que os Exus manipulem a energia mais densa contida nestas substâncias para realizar o seu trabalho de limpeza, neutralização ou corte de magias negativas nos consulentes. 

3 – Gira de Exu não é “Casa da Mãe Joana”. As Giras de Esquerda podem sim ser mais descontraídas, pelo tipo de roupa que se usa, pela linguagem e risada dos Exus e Pombagiras e pelo uso, às vezes mais intenso, de bebidas alcóolicas. Por conta disso, vejo muitos umbandistas acharem que nestas Giras pode tudo, desde beber e fumar enquanto supostamente faz a sustentação energética dos trabalhos, até falar palavrão, dançar durante os Pontos como se estivessem numa discoteca e usar roupas exageradas ou vulgares. Estes comportamentos não são aceitáveis em outras Linhas de trabalho; por que, então, achar que o são nas Giras de Exu? O trabalho realizado nas Giras de Exu é tão sério como o que é realizado numa Gira de Caboclo, de Pretos Velhos ou qualquer outra Linha, e deve ser realizado com respeito, concentração e dedicação. Se não houver atenção a isto, há grande hipótese de as entidades presentes não serem verdadeiramente Exus e Pombagiras, mas sim espíritos zombeteiros que quererão, estes sim, aproveitar o fumo, o álcool e a energia de baixa vibração manifestada pelos médiuns e consulentes. 

Cabe a nós, umbandistas, procurar informação correta e ajudar a derrubar estes mitos que criam sobre os Exus. Faça a sua parte!


Laroyê!


Por: http://umbandaeucurto.com/umbanda-na-europa/2015/magia/gira-de-exu-nao-e-festa-da-mae-joana/