sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Malandros na Umbanda








Os Malandros são espíritos que tem suas próprias características e jeito de manifestar e falar bem diferentes dos Exus. Pode-se citar alguns nomes a mais conhecida falange deles a do Zé Pilintra, mas tem também Zé Malandro, Zé do Coco, Zé da Luz, Zé de Légua, Zé Moreno, Zé Pereira, Zé Pretinho, Malandrinho, Camisa Listrada, e outros.


São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá e sua tradicional vestimenta: Calça Branca, sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e finalmente sua bengala, mas a maioria gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto.

Gostam de dançar gingando as pernas e corpo como se fosse parecido com a gafieira.

Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os quais são compostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples, amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos demais.

Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas. Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, ter sua roupa completa, é muito vaidoso, tem duas características marcantes:

Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, gosta muito da presença de mulheres, gosta de elogiá-las ,etc.

Outra é ficar mais sério parado num canto observando os movimentos ao seu redor, mas sem perder suas características.





Existem também as manifestações femininas da malandragem, a Maria Navalha é um bom exemplo. Manifesta-se com as características semelhantes aos malandros, dança gingando ou sambando, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.

Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na linha dos pretos velhos e Exus. Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros, pois ele também toma conta das portas, das entradas etc.

É muito conhecido por sua irreverência, suas guias podem ser de vários tipos, desde coquinhos com olho de Exu, até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.

Salve os Malandros e Malandras na Umbanda... Saravá a Malandragem!!!


Fonte: http://blog.clickgratis.com.br

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Me chamaram para entrar no Terreiro. E agora?



Queridas leitoras e queridos leitores,
Tenho recebido muitas mensagens de pessoas que estão começando o seu caminho na Umbanda, seja no Brasil ou em outros países, e têm dúvidas sobre algumas questões bastante relevantes. Geralmente as dúvidas que as pessoas colocam são idênticas, ou muito parecidas. Creio que são questões que a maior parte das pessoas que começam na Umbanda têm (eu inclusive!), e por isso, neste texto, resolvi abordar algumas delas.
Longe de mim saber a resposta ideal ou correta para estas ou outras questões da nossa religião. Minha intenção é apenas incentivar a reflexão e, quem sabe, ajudar-vos a encontrar uma resposta nos vossos corações.

1 – Fui convidado/a para integrar a corrente mediúnica de um Terreiro. E agora?
Quando uma pessoa é convidada para integrar a corrente mediúnica de um Terreiro de Umbanda (passar a fazer parte do grupo de médiuns, ficando do lado de dentro de tronqueira), surgem imediatamente muitas dúvidas e anseios. Passar da assistência para o “lado de dentro” é um passo muito grande e têm muitas implicações. Por não saberem exatamente o que isto implica, muitas pessoas ficam em pânico, confusas, amedrontadas, acham que têm a obrigação de aceitar este chamamento e que a vida delas vai mudar radicalmente.
O primeiro conselho que eu posso dar é: tenha calma! Quando este convite é feito, ninguém, em circunstância nenhuma, é obrigado a aceitar. Algumas pessoas não se sentem preparadas ainda ou não se identificam com o Terreiro em questão. Por isso a recusa é totalmente legítima e a vida delas não vai desmoronar (não mesmo!) por causa disso. Por isso, mesmo diante da surpresa, da animação e da excitação pela possibilidade de integrar a corrente mediúnica, é importante ter calma e pensar muito bem nos prós e contras de dar este passo, com calma, com tempo, com o coração.
Agora, falando sobre o que implica passar para o lado de dentro, algumas pessoas acham que implica somente passar a ir de roupa de branca e chegar um pouquinho mais cedo às sessões. Mas não é só isso, de todo! Mais do que tudo, passar para o lado de dentro significa assumir um compromisso, consigo próprio, com a casa, com a família espiritual daquela casa e com as suas próprias entidades. Significa estar interessado e disponível para as atividades de desenvolvimento mediúnico, de caridade, para as Giras e outras atividades daquele Terreiro. Significa, também, estar disponível para organizar, limpar e ajudar nas tarefas de preparação do ambiente para os trabalhos espirituais que são realizados. Aqui também impera a liberdade de cada um, e o seu desenvolvimento vai caminhar conforme o seu interesse e dedicação. Há quem chegue no dia da Gira, coloque a roupinha branca, participe dos rituais e logo a seguir vai embora. Há quem faça tudo isso e, para além, se preocupa em chegar mais cedo para limpar o chão e o Congá, arrumar as flores, organizar a assistência, fazer a sustentação energética durante a Gira, ler e estudar a religião de Umbanda, propor matérias interessantes para serem estudadas no Terreiro, etc. O certo e errado, melhor ou pior em tudo isso, caberá à consciência e coração de cada um dizer.

2 – O que fazer parte de um Terreiro de Umbanda vai mudar na minha vida?
Passar a fazer parte de um Terreiro de Umbanda não significa que você vai ter que fazer dezenas de oferendas por semana, mudar a forma como se veste no dia-a-dia, andar por aí com 50 guias no pescoço, deixar de ter vida social ou passar a incorporar espíritos sem nenhum controle, em qualquer lugar. Não é nada disso. Quando fazemos parte de um Terreiro de Umbanda, temos a oportunidade de vivenciar mais intensamente os fundamentos desta religião e o intercâmbio entre o mundo físico e o mundo espiritual, que nos proporciona uma enorme ampliação da consciência. Mais do que qualquer outra coisa, a Umbanda tem como objetivo auxiliar os seus seguidores a compreender e aceitar que todos os espíritos são uma expressão divina, que a vida é muito mais do que isso que vemos e tocamos no plano físico, que a caridade é uma forma de redenção e de perdão, que é possível e desejável agirmos sempre com amor, respeito e entendimento do próximo e de nós mesmos/as.
Fazer parte de um Terreiro de Umbanda é tentar, todos os dias, ir para o trabalho e não pensar mal do colega, é perdoar a ofensa que um amigo lhe dirigiu, é ir para a Gira e não fazer fofoca dos irmãos de Terreiro, é compreender e respeitar os problemas que as pessoas da assistência trazem e para os quais pedem ajuda. Se, para além disso, você quiser realizar as oferendas, andar com uma ou outra guia, optar (sim, optar, não ser obrigado) a vestir sempre uma peça de roupa branca, ou parar de fumar, ou de beber álcool, excelente, tudo isso vai contribuir para o seu crescimento! Mas não sinta que tudo isso seja uma obrigação.
Isso tudo parece muito clichê, mas não se pode fugir disso. Seguir os fundamentos da Umbanda significa trabalhar para ser uma pessoa melhor nesta encarnação, com a ajuda daquilo que se vivencia no Terreiro, das experiências de incorporação, do aprendizado da religião, das mensagens das entidades espirituais, e assim por diante.

3 – Como saber se o Terreiro que eu frequento é o certo para mim?
Esta questão é muitíssimo frequente. Sobretudo no início, as pessoas sentem muita dificuldade em identificar o que é bom e o que pode ser censurável num Terreiro.
O primeiro aspecto a ter em conta é que os Terreiros de Umbanda podem seguir os mesmo fundamentos religiosos, mas apresentarem grandes diferenças entre si. Alguns podem ser mais africanizados, incorporando fundamentos do Candomblé, outros mais esotéricos, ou com alguns fundamentos do Xamanismo, e assim por diante. Não há certo ou errado em cada um destes exemplos, são todos válidos e a decisão de frequentar um Terreiro mais para um lado ou mais para o outro é de cada um. A Umbanda é uma religião em formação e não existe uma norma a que todos os Terreiros devem seguir, isto dependerá de cada dirigente e do corpo mediúnico.
Para entender o que é importante num Terreiro de Umbanda, é fundamental saber o que é Umbanda. Por isso, estudar os fundamentos da Religião é fundamental e nos ajuda a decidir se queremos seguir as práticas adotadas num ou noutro Terreiro.
Apesar de haver muitas opiniões divergentes, vou enumerar alguns aspectos que, na minha opinião, são censuráveis e sobre os quais você deve ter atenção:
• Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade. Por isso, os trabalhos espirituais não são cobrados dos consulentes. Se o Terreiro que você frequenta ou pretende frequentar cobra entrada das pessoas, ou cobra pelos tratamentos, tenha atenção e analise esta questão de acordo com os fundamentos da religião.
• A Umbanda não realiza trabalhos de amarração amorosa, de magia negativa, de fechamento de caminhos, de vingança ou similares. Existem trabalhos espirituais nestas linhas, são todos possíveis e trazem resultados (mas estarão sujeitos às Leis de Causa e Efeito), mas definitivamente não fazem parte da religião de Umbanda.
• Os médiuns são livres para escolher entrar e permanecer num determinado Terreiro. Se no seu Terreiro existem histórias de pessoas que sofreram represálias por manifestarem a vontade de sair, ou que os médiuns ou dirigentes fizeram trabalhos de magia negativa contra as pessoas que saíram ou se recusaram a entrar, fique alerta e pondere se quer fazer parte deste ambiente.
• A Umbanda não determina que os dirigentes espirituais (Pais e Mães de Terreiro) guardem para si os seus conhecimentos sobre a religião. Dirigentes que se recusam a explicar os rituais, que exigem trabalhos e oferendas dos médiuns sem razão aparente e que se colocam numa posição de superioridade adotam uma postura censurável. Apesar de poderem ter a sua mediunidade mais desenvolvida, ou de terem mais experiência na prática da religião, os dirigentes não são superiores a nenhum médium e é desejável que adotem uma postura de humildade, acolhimento e compreensão quanto a estes, ajudando-os a evoluir no seu caminho e não tentando bloquear o seu crescimento espiritual plantando a ignorância e o secretismo dos rituais.

4 – Onde posso buscar informação sobre a Umbanda?
O estudo da Umbanda é fundamental. Estando no Brasil ou fora, há uma série de cursos, livros, vídeos no Youtube, jornais e revistas online e uma série de outros recursos aos quais podemos recorrer. Procure, vá atrás, hoje em dia não há desculpas!
Compreender o básico das manifestações espirituais também é bastante importante. Por isso, é recomendável, para começar, o estudo das obras de Allan Kardec (especialmente o Livro dos Médiuns e o Livro dos Espíritos), mas sempre tendo em atenção que estes livros falam de alguns aspectos aceitos pela doutrina Espírita, e não pela doutrina Umbandista. É preciso ler com algum juízo crítico e, em caso de dúvida, falar com pessoas mais experientes.
Deixo aqui algumas dicas de estudo:
• Livros de Allan Kardec, que nos ajudam a compreender fenômenos como a mediunidade, a manifestação de espíritos através da matérias, a reencarnação, dentre outros;
• Romances espíritas ou psicografados, que sempre nos dão uma valiosa lição de vida;
• Cursos de doutrina umbandista, como o Curso de Teologia de Umbanda Sagrada do Mestre Alexandre Cumino, trazem um conhecimento muitíssimo profundo sobre a religião;
• Livros do Mestre Rubens Saraceni, todos, sem exceção!

Estes recursos já têm informação para uma vida inteira de aprendizado!

5 – Não sei se quero incorporar, tenho algum receio. Posso ser Umbandista?
Incorporar, incorporar, incorporar. Esta é a grande questão para quem quer fazer parte do mundo umbandista. Ou porque não quer incorporar, ou porque quer incorporar já, agora, sem demora, e quanto mais melhor.
A mediunidade de incorporação é fundamento e parte inseparável da religião de Umbanda, mas não é o seu único recurso. Eu, por exemplo, tenho irmãos de Terreiro que nunca incorporaram, não querem desenvolver a mediunidade de incorporação, e ainda assim realizam um trabalho exemplar nas Giras. Como? Aqui vão alguns exemplos:
• Trabalhos de organização, que são absolutamente essenciais: limpeza, compra de materiais, organização da agenda de trabalhos, organização da assistência e do atendimento dos consulentes. Não tem como fazer um bom trabalho num Terreiro sujo e desorganizado, por isso essas tarefas são importantíssimas. E através da sua dedicação e participação dos trabalhos realizados nas Giras estes irmãos também aprendem muito e crescem espiritualmente.
• Sustentação energética dos trabalhos espirituais, como fazer a sustentação na Tronqueira ou dos consulentes enquanto os médiuns incorporados realizam o seu trabalho de limpeza e aconselhamento.
• Cambonar  (auxiliar os médiuns que estão incorporados), que é um trabalho indispensável. Os cambonos auxiliam os médiuns incorporados providenciando aquilo que eles necessitam para trabalhar (pegar as velas, acender o charuto, entregar a pemba) e também ajudam com a sustentação energética do trabalho da Entidade incorporada. Os cambonos acompanham de perto o trabalho das Entidades e conseguem aprender muito sobre a ritualística da Umbanda e sobre a vida como um todo, através dos trabalhos e aconselhamentos que são passados aos consulentes.

Fonte: http://umbandaeucurto.com/umbanda-na-europa/2015/umbanda/10577/#.VjDKoberTct

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A gira de Boiadeiros


Os conhecedores da terra, dos campos e da vida simples.




Uma das giras mais antigas dentro da Umbanda é a dos nossos queridos Boiadeiros.
Uma manifestação de espíritos daqueles que foram muito acostumados a terra de chão e tocavam o gado pelas estradas do interior de nosso Pais, em condições muito difíceis mas que nunca abalou a adoração desse povo pela lida no campo.

Os Boiadeiros, de um modo geral, utilizam chapéus de vaqueiros, laços de corda e chicotes de couro, são ágeis e costumam chegar aos terreiros com sua mão direita levantada, girando, como se estivesse laçando, esbravejando a inconfundível toada "êeeee boi" como se ainda estivessem tocando seu rebanho.

O que mais agrada um Boiadeiro é uma boa comida da roça, bebidas simples, mas sem dispensar as iguarias do povo mais moderno, afinal, já passaram necessidades suficientes para não precisar mais se privarem de uma boa cervejinha se assim forem ofertados.

A magia de sua gira é inconfundível, as histórias que trazem na bagagem são tão fascinantes como importantes no exemplo que nos exprimem.
Um Boiadeiro traz consigo as lições de um tempo onde o respeito aos mais velhos e a natureza, a família e aos animais, enfim, a boa educação e bons costumes falavam mais alto e faziam muito mais diferença do que nos dias de hoje.

Marranbá che tuá Boiadeiros, é uma das saudações para este povo, ou Chetu, marrumbá Che, ou ainda simplesmente Sarava meu Pai Boiadeiro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O que significa servir um amalá para Xangô?



Xangô, que nos rituais gege-nagô é o Orixa da justiça, do equilíbrio, aquele que decide o certo e o errado, sendo representado principalmente pelo seu raio e o oxé (espécie de machado que corta dos dois lados, como a justiça deve ser, neutra e imparcial).
Possui como principal comida ritual o Amalá, por isso chamada de comida de axé, que deve ser colocado em gamela, quando possível, preparado por um filho de Xangô. Servir o Amalá é sempre um momento de muita emoção, e deve ser de união também, é quando temos a oportunidade de poder compartilhar do axé deste Orixá, com todos os presentes, é se encher de alegrias e forças a cada novo dia, é ter a certeza que Xangô está presente em todos os nossos momentos, nos acompanhando em cada decisão, em cada novo passo em nossa vida diária.
Quando for servido em um Xirê, o preparo do Amalá deve iniciar no dia anterior, com a maceração da mostarda (macerada para reduzir o amargo, característico da folha), para no dia seguinte um filho de Xangô (se houver) fazer o preparo do pirão (preparado a partir de farinha de mandioca crua) e do molho para ser servido. O molho, com a mostarda (folha) é servido sobre o pirão.
Nos rituais gêge-nagô a culinária é de extrema importância, pois o Orixá já está do lado de quem prepara, observando o carinho dispensado, a atenção dada e a dedicação do preparo inicial até a entrega do axé. Não basta fazer, é preciso fazer certo, sem esperar receber nada em troca por isso. É o que chamamos de amor, pelo Orixá, pela religião.
Mais do que servir uma linda oferenda, o "seu coração, deve estar puro", lembrando que o Orixá sabe quando estamos fazendo com o coração, pois não adianta fazer como alguns filhos e Pais de Santo (que nem poderiam ser chamados de Pai) que pedem e abençoam seus filhos pela boca (na frente de outros, para mostrar uma máscara, aquilo que não são) , e pelas costas cortam muitas aves e fazem feitiços para prender seus filhos. A hipocrisia e o desrespeito com os Orixás é o maior problema do batuque. A doença e os problemas futuros que estes recebem é a certeza que o Orixá tudo enxerga e tudo sentencia, nos mostra que Xangô é imparcial, retirando destas casas todos seus filhos que foram vítimas das artimanhas de alguns.
Segundo DaMata (2001), existe diferença entre alimento e comida, e esta última é capaz de identificar quem a come, conforme citação apud de Maciel (2005)
"Dize-me o que comes e te direi qual deus adoras, sob qual latitude vives, de qual cultura nasceste e em qual grupo social te incluis. A leitura da cozinha é uma fabulosa viagem na consciência que as sociedades têm delas mesmas, na visão que elas têm de sua identidade”.
(MACIEL, 2005, p. 50).
O Amalá, identifica Xangô na comunidade onde ele está inserido, fortifica o seu axé, identifica seus membros, e cumpre um compromisso social, pois em um Xirê é aberto a toda a comunidade.
Poder participar é ter a possibilidade de alimentar a sua fé a cada dia. Assim como é fornecido alimento ao corpo, a fé, é o alimento oferecido ao sagrado. Compartilhar o alimento com o sagrado é ter a possibilidade, e ser servido do mesmo alimento que é ofertado ao Orixá, neste caso Xangô.
Quando é degustado pela comunidade e filhos de santo, estamos não somente ingerindo um alimento, mas também resgatando uma ancestralidade, estamos desenvolvendo nossa humildade, já que na sociedade atual não comemos com as mãos, comemos o amalá com as mãos em respeito a Xangô, em respeito aos Orixás e a religião africana.
É crucial que para participar deste ritual os participantes estejam puros, pois sendo Xangô o Orixá da balança, do equilíbrio ele busca a justiça onde ela estiver, inclusive quando seus filhos erram, pois a justiça é feita onde estiver.
Em todo o lugar onde estiver um Babalorixá, uma Yalorixá ou mesmo uma pessoa não iniciada, com certeza, estará também cultuando e resgatando a ancestralidade africana.
É imprescindível que o preparo do Amalá seja realizado com dedicação e pureza no coração, é necessário estar em sintonia com seu Orixá, e esta sintonia somente é alcançada com carinho de quem está preparando o Amalá.
O ritual do Amalá é a oportunidade que todos tem de compartilhar momentos de muita fé e agradecer a Xangô, além de fazer seus pedidos e fortalecer o axé.
Pois o axé é fortalecido com ações corretas a cada dia, axé é uma força, que segundo Santos (2008) "como toda força, pode diminuir ou aumentar. Essas variações estão determinadas pela atividade e condutas rituais".
Daí a importância de uma conduta correta e adequada a religião africana. Não basta ser de religião é preciso viver a religião, e a religião é vivida através de ações diárias com os Orixas, quando se prejudica um filho do axé, estamos prejudicando seu Orixá.
O Amalá para Xangô é o momento onde todos se reunem para desenvolver ainda mais a sua fé, desenvolver o axé e resgatar a ancestralidade de cada um.
Orixá é alegria, é paz e tranquilidade especialmente Xangô, orixá da justiça e do equilíbrio, capaz de tomar decisões certas onde nós não teríamos condições.
Neste sentido o Amalá para Xangô é o momento onde Xangô recebe todos os seus filhos, e os mostra o caminho certo, pois como Pai, ele educa, corrige e faz com que seus filhos andem e se desenvolvam a cada dia mais em toda a sua plenitude.
Que neste novo ano todo Amalá para Xangô servido no Ilé Orixá Ogum Adioko e Oyá Tofã seja para trazer prosperidade, alegria e justiça a todos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


DAMATA, Roberto. “Sobre comidas e mulheres”. In: DAMATA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro.ROCCO, 2001. Apud MACIEL, Maria Eunice. 2005. "Os tipos característicos. Região e estereotipos regionais". Humanas, Porto Alegre, vol. 18, n. 1/2, jan./dez. p. 171-91. p. 171-91

SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a morte: Pàde, Àsèsè e o culto Égun na Bahia; traduzido pela Universidade Federal da Bahia. 13 ed. Petrópolis, Vozes, 2008.